O Crente e o mundo

Leitura do Texto proposto:  “Agora corra e salve a sua vida! Não olhe para trás, nem pare neste vale. Fuja para a montanha; se não, você vai morrer. ” (Gn 19.17b NTLH)

Introdução: Crente e o mundo

Há duas maneiras que são usadas por Deus para afastar o nosso coração desde século mau e que desagrada ao nosso Deus.

  • A primeira forma é Deus colocando diante de nós aquilo que é o céu e a estabilidade das “coisas que são de cima”. É Deus nos mostrando como vale a pena ser fiel, é Deus nos mostrando como vale a pena a negar a si mesmo, é Deus nos mostrando como a eternidade tem prazeres que não se podem comparar. É Deus nos mostrando tudo o que nos espera no céu e a sua estabilidade.
  • A segunda forma consiste em declarar fielmente a natureza temporária e instável das coisas que são terra.

É um tempo oportuno para refletirmos sobre isso enquanto o mundo se embriaga com o vinho em que há contenda, estamos aqui nos enchendo do Espírito. Enquanto aquele que é santo, se santifica mais nestes quatro dias, aquele que é sujo, está se sujando mais com a lama do pecado. Enquanto estamos aqui negando a nossa carne, os deleites dessa vida, lá fora as pessoas cumprem com toda a vontade do desejo carnal.

Enquanto o mundo se fantasia e coloca máscaras para viverem suas mentiras e uma felicidade que termina em cinzas, nós estamos aqui sem máscaras, sem hipocrisia, sem fingimento, retirando todo o nosso eu diante dAquele que nos sonda e nos conhece e sairemos daqui não em uma quarta de cinzas, mas em uma quarta de glória, cheios da glória, refletindo a glória, tirando as cinzas do altar e com altar fumegando da presença de Deus.

Hebreus capítulo 12 termina com um lindo exemplo disso que estamos falando nesta manhã, depois de expor que somos chegados ao monte de Sião, com todos os seus gozos dependentes e privilégios, o autor continua dizendo: “Vede que não rejeiteis ao que fala; porque se não escaparam aqueles que rejeitaram o que na terra os advertia, muito menos nós, se nos desviarmos daquele que é dos céus, a voz do qual moveu, então a terra, mas, agora, anunciou dizendo: Ainda mais uma vez comoverei , não só a terra, senão também, o céu. E esta palavra: ainda uma vez, mostra mudança das coisas móveis, como coisas feitas, para que as imóveis permaneça”.

É muito melhor ser atraídos pelas alegrias do céu do que levado pelas dores da terra. Não devemos esperar que o mundo nos rejeite, não devemos esperar que o mundo nos abandone, ao contrário disso, somos nós que devemos rejeitar e abandonar o mundo por amor a Cristo e pelo gozo que nos está reservado nos céus.

Apesar de humanamente parecer muito doloroso deixar os prazeres deste mundo, não há dificuldade em deixar os prazeres deste mundo quando nos apegamos a Cristo. Quando eu sou de Cristo, a dificuldade está em conservar o mundo. Se um varredor de rua, ganhasse uma boa herança com toda certeza ele deixaria de varrer rua. Da mesma maneira se nós compreendermos o valor da nossa porção entre as realidades imutáveis do céu teremos muito pouco dificuldade em abandonar as alegrias ilusórias da terra. Poderíamos dizer que estes dias de retiro, são dias de descermos ao Vale da decisão e deixar de coxear entre dois pensamentos e vermos o que realmente queremos para nossa vida, se vamos continuar valorizando em excesso as coisas dessa vida e desprezando o dom de Deus que há em nós, ou se vamos desenvolver os talentos que Deus tem confiado a cada de um nós e desprezarmos aquilo que realmente não possui valor para a eternidade. È uma escolha que precisamos fazer, e ela é pessoal e intransferível, seus pais não podemos decidir por você, seu líder não pode decidir por você, seu pastor não pode decidir por você, é uma manhã de intimidade entre você e o Todo-Poderoso que começa a colocar na nossa frente que só há duas possibilidade e que precisamos optar por uma delas.

Ló sentado à Porta: lugar de autoridade.

É evidente que Ló havia feito um progresso. Estava em um lugar de destaque, havia triunfado no mundo. Do ponto de vista mundano, estava, realizado, feliz, sucesso. A princípio ele havia armado suas tendas até Sodoma. Depois, encontrou um caminho para ali, e agora vemos ele assentado a porta – um lugar de proeminência e influência.

Como é diferente do que lemos de Abraão em Hb 11.9 lemos que Pela fé Abrão habitou na terra da promessa, como em terra alheia, morando em cabanas. Nunca poderia se dizer que Ló pela fé habitou as portas de Sodoma. Ló não tem lugar no exército dos heróis da fé, Ló não faz parte da grande nuvem de testemunha do poder da fé que nos rodeiam. O mundo foi a armadilha de Ló. As coisas temporais foi a sua armadilha. Ló não ficou firme como vendo o invisível, atentou para as coisas que se veem e que são temporais, mas Abraão não, ele atentou para as coisas que não se veem e são eternas.

Havia uma diferença material entre esses dois homens, embora partissem juntos do princípio, atingiram um fim muito diferente, tanto quanto se refere a seu testemunho público.

Podemos até entender que Ló foi salvo, mas como pelo fogo, suas obras foram queimadas, mas Abraão teve uma entrada triunfante no reino eterno de nosso Senhor Jesus Cristo.

Além disso, não vemos Ló gozando qualquer dos altos privilégios que Abraão foi favorecido. Em vez de receber visita do Senhor, Ló afligia a sua alma justa. Em vez de gozar da comunhão com o Senhor, Ló está à uma distância lamentável do Senhor, por último ao invés de interceder pelos outros, ele tem muito o que pedir para si mesmo.

O Senhor ficou para conversar com Abraão e limitou-se a enviar seus anjos até Sodoma; e estes anjos puderam com dificuldades ser persuadidos a entrar em casa de Ló ou a aceitar sua hospitalidade: “Eles disseram não, antes na rua passaremos a noite”. Que diferença na prontidão com que foi feito o convite de Abraão, como se depreende das palavras “assim faze como tens dito”.

A Eleição de Ló

A hospitalidade biblicamente é vista como plena comunhão. Temos exemplo em Apocalipse 3.20: “entrarei em sua casa e com ele cearei e ele comigo” e em At 16.15: “se haveis julgado que eu seja fiel ao Senhor, entrai em minha casa e ficai ali”. Se Paulo e Silas não tivessem julgado Lídia como fiel não teriam aceitado o seu convite.

As palavras dos anjos a Ló encerram uma condenação da sua posição em Sodoma. Preferiram ficar a noite toda na rua a entrar debaixo do telhado de um que estava numa posição má. De fato, o seu único objetivo indo a Sodoma parece ter sido o de libertar Ló e isto também por causa de Abraão. “E aconteceu que, destruindo Deus das cidades da campina, Deus se lembrou de Abraão e tirou a ló do meio da destruição, derribando aquelas cidades em que Ló habitava.

Foi por amor a Abraão que Deus deu escape a Ló. Deus não se simpatiza com uma mente mundana e foi uma mente assim que levou Ló para Sodoma e o levou a se estabelecer entre a corrupção dessa cidade culpada. Não foi a fé que levou Ló para ali, nenhuma mente espiritual lhe indicou o caminho para lá.

Foi precisamente o amor por este século mau que o levou em primeiro lugar a “escolher”, depois a “armas tendas” e por último “assentar-se a porta de Sodoma”. Esse é o caminho que mundo quer que trilhemos. Esse caminho é a contra mão da vontade de Deus. É melhor deixar Deus nos guiar e entregar todos os nossos caminhos a Ele com espírito de criança, o Senhor quer e pode fazer tudo por nós.

Ló com certeza pensou que estava fazendo bem para si e para sua família, quando se mudou para Sodoma, porém o resultado mostrou como ele estava equivocado.

Fica para nós um alerta para não darmos ouvidos a voz do mundanismo e nos contentarmos com o que temos, não cedermos aos desejos de um espírito mundano. Contentar porque? Porque temos tudo? De modo algum, mas por que Ele nos disse: “não te deixarei e nem te desampararei” (Hb 13.5). Bendita herança, bendito conforto, bendita consolação. Se Ló estivesse satisfeito com o que tinha jamais teria procurado as planícies bem regadas de Sodoma. Se estivermos satisfeitos com tudo o que Deus tem nos dado jamais procuraríamos outros prazeres ou oportunidades, porque temos tudo o que o nosso Deus sabe de que necessitamos.

Consequências da associação com o mundo

O que ganhou Ló no caminho da felicidade e satisfação? Muito pouco ou quase nada. Os habitantes de Sodoma invadiram sua casa e quiseram invadi-la, ele procura acalmá-los por meio de uma proposta humilhante, mas tudo em vão. Se alguém se mistura com o mundo com o propósito de engrandecimento, se prepare para as tristes consequências. Não podemos quer lucrar com o mundo e ao mesmo tempo querer criticá-lo, isso nunca dará certo. Só poderemos dar testemunho do poder e justiça de Deus se estivermos à parte do mundo, no poder moral da graça e não no espírito do Farisaísmo. O esforço para reprovar os caminhos do mundo ao mesmo tempo que aproveitamos com a nossa companhia com ele, é vaidade. O mundo prestará pouca atenção a tal reprovação. Assim aconteceu com Ló diante de seus genros, foi tido como zombador aos olhos deles. É inútil falarmos de um juízo vindouro, se temos nossa própria parte na cena que será julgada.

Abraão estava em uma cena totalmente diferente. A tendo do peregrino em Manre não corria perigo embora Sodoma estava em chamas. Somos peregrinos, não podemos nos fixar, não podemos olhar para trás, não podemos parar, mas devemos com a santa igreja correr como bons corredores para o alvo que é Cristo.

Ló salvo como através do fogo

Ló amava Sodoma, mesmo forçado a abandonar aquele local por anjos, porque não somente os anjos tiveram que pegar nele e tirá-lo a pressa do juízo iminente, mas até mesmo quando exortado a escapar por sua vida e fugir para as montanhas, ele não quis ir para o monte, apesar de o anjo o mandar fugir para o monte, ele se recusa e agarra-se a ideia de uma pequena cidade. Temia a morte no local que Deus mandou que ele fosse. Ele só sentia segurança no local de sua própria invenção. Ele não se lançou inteiramente em Deus. Ele havia andando tanto tempo longe de Deus, havia respirado tanto tempo outros ares que não queria sentir a atmosfera da presença divina ou encostar-se aos braços do Todo-Poderoso.

E então vemos o seu sim, suas filhas o embriagam e na sua embriaguez ele torna-se o instrumento de trazer a existência os amoniatas e os moabitas – os inimigos declarados do povo de Deus.

Que possamos entender com isso o que é o mundo. O que é ser seguido pelo coração. A história de Ló traz como uma bandeira: Não ameis o mundo. As Sodomas do mundo e as suas Zoares são todas as mesmas. Não segurança, nem paz, nem descanso, nem satisfação durável para o coração. O juízo de Deus permanece sobre toda a cena e Ele apenas susta a espada em paciente misericórdia querendo que ninguém se perca, senão que todos venham a arrepender-se

Solenes advertência para todos nós

Devemos viver em uma conduta santa de separação com o mundo. Tenhamos esperança enquanto nos mantemos fora de todo o seu curso, da vinda do Mestre. Que as suas campinas bem regadas não tenham encantos para os nossos corações. Que suas honras, distinções e riquezas, sejam vistas por nós à luz da glória vindoura de Cristo. Que à semelhança de Abraão, possamos estar na presença do Senhor, pois o dia está próximo e enquanto o juízo é iminente, a doce história da graça é contada a todos quantos queiram ouvir. Felizes de nós se ouvirmos e crermos nessa história. Felizes de nós se fugirmos para o monte da salvação de Deus. Felizes de nós se refugiarmos atrás da cruz do Filho de Deus, e ali encontramos perdão e paz.

Deus permita que possamos obter uma consciência purificada do pecado pela Palavra de Deus e as afeições do nosso coração estejam purificadas da contaminação da influencia deste mundo e que possamos esperar dos céus, o Filho de Deus.

Ev. João Paulo de Oliveira Cruz