Frutificando em todo tempo: Gerando o fruto do Espírito mesmo em momentos de tribulação.

Texto de referência Romanos 5:3-9:

3- E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência,
4 – E a paciência a experiência, e a experiência a esperança.
5 – E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.
6 – Porque Cristo, estando nós ainda fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios.
7 – Porque apenas alguém morrerá por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém ouse morrer.
8 – Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.
9- Logo muito mais agora, tendo sido justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira.

Verdade Prática: MUITAS VEZES, O MAIS IMPORTANTE NÃO É A SITUAÇÃO EM QUE NOS ENCONTRAMOS OU QUE ESTA MOS VIVENDO, MAS COMO REAGIMOS E QUEM VERDADEIRAMENTE MOLDA E ORIENTA NOSSAS REAÇÕES.

1. INTRODUÇÃO

Paulo ao escrever a carta aos romanos destaca a importância das tribulações no crescimento espiritual. Contudo, o processo para a construção da esperança por meio da tribulação passa pela paciência e experiência. Todo esse percurso é complexo e, inicialmente, pode até parecer desapontador. Ressaltamos que a primeira conquista nesta trajetória é exatamente a paciência.

O processo de construção da esperança apresentado por Paulo tem início na tribulação, passando pela paciência, experiência e, finalmente, nos leva à esperança. O primeiro passo, certamente, é o mais complexo, podendo levar muitos cristãos a momentos de estresse, mas é necessário o crente vencê-lo para alcançar a maturidade cristã que tudo confia a Cristo, esperando somente nEle.

Os especialistas e pesquisadores se preocupam com o estresse e suas consequências no organismo. Estatisticamente, essa manifestação tem se mostrado em números alarmantes e está presente em todas as classes sociais. O estresse pode prejudicar nossa capacidade produtiva, vida social, o convívio com a nossa família, amigos e irmãos, nos privando da orientação do Sl 133 e, além disso, impedir uma vida em unidade como membros de um só Corpo Espiritual, o Corpo de Cristo que é a Igreja (ICo12:12). A comunhão com Deus pode ser afetada, principalmente, se perdermos nossa confiança em Sua capacidade de resolver nossos problemas.

2. ESTRESSE

Para entender o estresse é necessário conhecer os mecanismos envolvidos na sua geração, manutenção e sintomas.

2.1. MECANISMOS ENVOLVIDOS NOS ESTRESSE

O ‘‘stress’’ ou estresse não é uma doença e sim um sintoma. Consiste basicamente na forma como os mecanismos internos reagem às situações adversas ou desfavoráveis, que acabam por agredir nosso equilíbrio. É certo que tribulações virão, e com elas o cristão precisa adquirir paciência e não estresse.

Atualmente o consumismo e o foco no “eu” tendem a aumentar as situações adversas ou até mesmo a alterar nosso equilíbrio. Hoje vivemos uma sociedade onde “SER É TER’’. Vivenciamos a triste realidade do abandono de idosos porque, muitas vezes, não produzem mais como antes. Quanto mais a vida exige de nós, mais estressados nos tornamos. Quando nos sobrecarregamos e procuramos dar conta de todos os nossos compromissos, ficamos ainda mais vulneráveis e expostos ao estresse.

O estresse é um sintoma, ou uma condição, que desencadeia outros, que podem ser somáticos ou psíquicos, os somáticos são a manifestação corporal e o psíquico mental. Os sintomas somáticos mais comuns são taquicardia (coração acelerado), mãos frias, calafrios, suor excessivo, dores, cólicas, tremores, respiração acelerada, sufocamento, arrepios, formigamentos e dores de cabeça. Entre os sintomas psíquicos podemos citar tensão, nervosismo, medo excessivo, mal estar indefinido, insegurança, dificuldade de concentração, despersonalização e desrealização.

O conhecimento dos sintomas e manifestações geradas pelo estresse podem permitir aos cristãos entenderem o momento em que se encontram e buscarem em Deus a solução e a cura. Contudo, o mais importante não é o fato ou aquilo que passamos em determinado momento, mas sim nossa reação perante à situação. A diferença está na reação que temos em cada situação que segundo Salomão deve ser de força, Pv 24:10 “se te mostrares fraco no dia da angústia, é que a tua força é pequena.”.

O texto bíblico (Lc 23:39), narra a crucificação de Cristo e mostra dois salteadores na mesma condição, e que tiveram reações diferentes. Um deles continuava acusando Jesus enquanto o outro pediu misericórdia, reconhecendo sua condição e se vendo como merecedor da morte e Jesus teve compaixão dele.

As situações adversas sempre estarão a nossa frente, mas o salmista no Sl 37:4-5 orienta a entregarmos e confiarmos nosso caminho a Deus, que ele, no tempo certo concedera os nossos desejos. Desejos esses que podem ser enganosos, pois “há um caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte.” Pv 14:12 e “enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” Jeremias 17:9. Mas temos um Deus que conhece e sonda nossos corações “Senhor, Tu me sondas e me conheces.” Salmos 139:1.

O cristão que entrega e confia seu caminho ao Senhor mesmo perante situações estressantes como violência, competitividade, ciúme, perda de um familiar, doenças, problemas conjugais entre outras, sabe que Deus é nosso refúgio e fortaleza Sl 46, e entende que “se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o Senhor não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela” Salmos 127:1.

O estresse é o grande vilão do homem atual, mas o próprio Jesus após ensinar a oração do pai nosso deixa a seguinte orientação: “por isso vos digo: não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário?” Mateus 6:25. Certamente, se entendermos o propósito de Cristo estaremos menos sujeitos aos sintomas de estresse e não permitiremos que o estresse nos domine.

O escritor aos hebreus alerta, “ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam.” Hebreus 11:6, por isso o estresse pode até afastar o homem de Deus sendo um empecilho em nossa fé no poder dEle.

O fruto do Espirito gera em nossas vidas muitas qualidades (virtudes), entre elas está o domínio próprio. Nesse contexto, o estresse pode expor a ausência de domínio próprio, pois o que contamina é o que sai da boca e não o que entra. No texto de referência, lemos que a tribulação gera paciência, e a seguir experiência. Na situação de paciência é preciso fé, que ao gerar experiência traz consigo o domínio próprio, pois o crente com uma fé experimentada, como Jó, conhece o seu Redentor: “porque eu sei que o meu redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra.” Jó 19:25, “eu te conhecia só de ouvir falar, mas agora os meus olhos te vêem.”(Jó 42.5)

Conhecendo o estresse, aprendendo como ele funciona, assim como os males sobre nossa vida espiritual e material. As seguintes orientações podem evitar que entremos é caiamos na garra desse terrível mal. Para isso, a Bíblia está repleta de textos e histórias para nos ensinar sobre nossas condutas e reações em variados momentos de nossa vida, destacaremos aqui os seguintes:

• Pv. 15.1: ‘’a resposta branda desvia o furor, mas a palavra dura suscita a ira’’.
• Pv. 10.19: ‘’na multidão de palavras não falta transgressão, mas o que modera os seus lábios é prudente’’.
• Pv. 12.18: ‘’há alguns cujas palavras são como pontas de espada, mas a língua dos sábios é saúde’’
• Ef 4. 32: ‘’antes, sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo’’.

Além das orientações acima, outro ponto de vital importância é o exercício do perdão, pois “diz-se que a vida é um exercício do perdão, mas é necessário acrescentar que o perdão é um exercício de edificação do caráter’’. O perdão é uma exigência de Cristo para uma vida cristã completa e até mesmo para que os nossos pecados sejam perdoados Mt 6:12.

3. FRUTIFICANDO EM TODO O TEMPO

O Espírito Santo gera fruto em nossas vidas e ele é visto por meio das virtudes desse fruto que são: o amor, o gozo, a paz, a longanimidade, a benignidade, a bondade, a fidelidade, a mansidão e o domínio próprio. Como visto, o estresse vem e ataca cada um dessas manifestações, de forma que podemos entender que sua presença constante pode ser ausência do fruto do Espirito.

A geração do fruto do Espírito exige do cristão aplicação e busca diligente por ele como recomenda Pedro em I Pe 1:5-7. O primeiro passo para frutificarmos é estarmos ligados em Cristo e vivendo o que Ele nos ensinou e está registrado em João 15:5. O enxerto na Videira Verdadeira é o primeiro passo, contudo é necessário crescer no conhecimento de Cristo, II Pe 3:17-18, Rm 12:2, Ef 4:13-15.

O texto de referência inicial (Rm 5) já denota outro importante fator para alcançarmos a estatura de varão perfeito e termos uma vida frutífera que são as tribulações. Elas são o início de um processo complexo de crescimento espiritual que nos leva a ter experiência e faz nossa esperança crescer. Todo esse processo começa pela tribulação e o objetivo final e maior que é a esperança e a confiança em Deus como Provedor de todas as coisas. Hoje tem sido pregado um evangelho apenas de prosperidade e bênçãos materiais. Deus quer muito mais para o homem. Ele quer nos dar uma alegria completa (João 15:11). Jó 42:5 registra um texto lindo e demonstra como a experiência com Deus pode ser mais importante do que suas bênçãos. “porque a nossa leve e momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente;” 2 coríntios 4:17

As atitudes que podem nos impedir de frutificar são a desobediência, o pecado, a murmuração, a falta de entendimento do funcionamento do Corpo de Cristo (Igreja), não seguir a determinação da Cabeça que é Cristo, Cabeça da Igreja e Mentor do Corpo, não compreender os propósitos de Deus para nossas vidas e, principalmente, o distanciamento de Deus. Todos teremos aflições! Para o cristão, distanciar-se de Deus é perder a ligação com Essa Videira e o destino para esses que serão cortados da videira é o fogo eterno. Precisamos entender que se estamos em Cristo, nada poderá nos separar do Seu amor.
Jó viveu dias difíceis, mas nunca deixou de frutificar. Tanto na bonança quanto nas provações, na miséria e nas doenças sempre manteve Deus como seu Refúgio, Fortaleza e Socorro bem presente na angústia. Ao observamos o processo de Jó para obter a esperança e expressar uma confiança inabalável em Deus, aprendemos que podemos, mesmo na tribulação, instruir a muitos, fortalecer os fracos e erguer os caídos. Nossa unidade produz momentos extraordinários porque se um membro sofre, todos sofrem com ele. Nem sempre podemos nos livrar das provações e tribulações, mas poderemos descansar sempre no Senhor. Um Cristão experimentado nunca perde a esperança.

4. CONCLUSÃO

Nós podemos ter tudo, se não tivermos alegria, não temos nada! Pv 4. 20-22; pv 16.24. A alegria só é completa em Jesus! Se estamos em Cristo e se o Espírito Santo habitar em nós, agindo em tudo na nossa vida, somos capazes de frutificar em todo tempo.

O cristão que obtêm a esperança em Cristo pode dizer como Paulo: “sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade. Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece.” Fp 4:12,13

PARA O CRISTÃO, QUE VIVE GUIADO PELO ESPÍRITO É POSSÍVEL FRUTIFICAR EM TODO TEMPO!

Pastor Moisés Pereira Pinto
Pastor Presidente da Catedral das Assembleias de Deus em Juiz de Fora – MG
Médico Neurologista – UFJF
Mestre em medicina pela UFRJ